sábado, 12 de maio de 2012

'Cartórios foram preconceituosos', diz casal homoafetivo de Sergipe


Tudo começou com um bate-papo na internet em outubro de 2008. Uma amiga em comum fez a ponte para o início de uma história que acabou se tornando no primeiro casamento homoafetivo autorizado em Sergipe. Jacyane Brandão Lima morava em Salvador, na Bahia, e Joseilma Silva Moreira em Estância, em Sergipe, distância que não impediu o início de uma grande história de amor.

“Tanto eu como ela tínhamos relacionamentos, mas uma amiga em comum fez a ponte para nossa aproximação. Começamos a ser amigas e após o fim dos respectivos relacionamentos demos início na nossa relação”, comenta Joseilma.

No dia 27 de março as duas, que moram juntas desde outubro do ano passado, procuraram o cartório para oficializar a união estável e pedir a conversão dessa união em casamento. No dia 30 de abril o promotor da 5ª Vara Cível de Aracaju José Raimundo Moreira Guimarães autorizou o pedido do casamento civil. Elas são o primeiro casal homoafetivo do Estado que conseguiu a habilitação do casamento sem ter que enfrentar uma batalha judicial, elas procuraram apenas o cartório.

Preconceito
Jacyane conta também que ao buscar informações sobre o processo de formalização do casamento sentiu preconceito em alguns cartórios na capital. “Quando resolvemos formalizar nossa união buscamos alguns cartórios. Foi aí que o preconceito começou a surgir. A gente ligava e ao falar sobre o assunto eles começavam a nos destratar e diziam que não realizavam esse tipo serviço”.

Sem perder a esperança, após algumas tentativas frustradas, o casal conseguiu as informações para a realização do casamento. “No cartório do 8º Ofício fomos bem atendidas. Antes mesmo de recebermos a decisão da vara competente, o cartório se prontificou a oferecer o espaço físico para a confraternização da família e amigos, caso o promotor emitisse parecer favorável", diz Joseilma.

Questionadas sobre a relação com a família, o casal revelou que não teve descriminação, muito pelo contrário, o relacionamento foi bem aceito. “Nossas famílias nos abraçaram e não sofremos com nenhum comentário desagradável”.

Preparativos
Joseilma comentou também que foi em busca de uma bênção religiosa, mas o não reconhecimento do casamento homoafetivo por parte da igreja fez o padre negar a cerimônia. “Como tinha certa intimidade com o padre do município de Estância o procurei para podermos receber as bênçãos da nossa união, mas apesar de nos conhecermos negou pelo fato da religião não aceitar a união homoafetiva".

O casal agora se prepara para a cerimônia e festa que acontecem em julho. "Agora temos 90 dias para enfim nos casarmos. No dia 20 de julho a gente casa e no dia seguinte a gente faz uma festa de comemoração", conta Joseilma.

Os casais que também queiram orientações sobre o procedimento para a oficialização da união. Pode procurar o Cartório Pierete, que fica localizado na esquina da Avenida Barão de Maruim com a Rua Lagarto, 1332, no Centro da capital.

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